UNIVERSIDADE PARA QUÊ?

11/10/2011 19:31

 

Na semana passada, o mundo conheceu, apesar que de forma trágica, um grande homem que deixou a Universidade para se tornar um gênio. Trata-se de  Steve Jobs, cofundador  da fabricante de aparelhos de tecnologia Apple, falecido no dia 05/10/2011. Jobs apesar da capacidade de revolucionar o mundo da informática com suas criações e inovações, nunca chegou a terminar um curso de nível superior. Não vamos aqui discutir os motivos que o levaram a abandonar a Universidade. Vamos apenas considerar que o mesmo abandonou a Universidade, mas não abandonou a pesquisa, a curiosidade, a autossuperação, coisas que frequentemente são ceifadas pelas Universidades por apresentarem modelos pré-estabelecidos de ensino e consequentemente de pesquisa.

 

Curiosamente, no dia em que foi noticiado ao mundo o lamentável falecimento de Jobs, fui a uma das diversas conferências do respeitado  antropólogo Tim Ingold realizadas no Brasil, sobretudo na UFMG. Instantes antes dessa conferência, que aconteceu na Escola de Música da UFMG, uma professora, não sei de que curso, tomou consigo uma prancheta e disse, em tom ríspido e ameaçador, aos seus alunos: Atenção! Vou fazer a chamada agora no início e no final. Ai de quem não responder!”

Apesar de ter achado repudiante a atitude da professora: fazer chamada para obrigar alunos a participarem de um evento extra-classe, não pretendo, nem me sinto à vontade para criticá-la, pois, a chamada  ainda é uma constante nas salas de aula na maioria das instituições de ensino.

Ouvindo as discussões bem centradas do palestrante que, entre outas coisas, propunha  discussões sobre evolução humana e falava de um ser humano aberto, por natureza, à mudanças, me questionava: “Onde uma professora, cheia de títulos, pretende levar uma turma ao obrigá-la  responder chamada em um evento que, aparentemente, é muito importante?”

Considerando que, se a referida professora não os chamassem no início e no fim do evento, os mesmos não compareceriam ou compareceriam, responderiam à chamada e iriam embora, mudei o questionamento: “Onde os alunos de um determinado curso pleiteiam chegar ao não comparecerem em um evento de discussões importantes à vida acadêmica?”

Com as respostas, ainda cheia de lacunas, as quais eu cheguei, estabeleci  pelo menos mais duas dúvidas: “Ou eu sou paranoico ou quem quiser pesquisar, de fato, precisa sair das Universidades, como o fez Steve Jobs e uma série de outros gênios.

Parece que no meio educacional ainda vamos continuar tendo professores que fingem ensinar e alunos que fingem aprender. Ou nos tornamos “pesquisadores”, custe o que custar, ou estaremos  fadados à meras repetições, como parece ser o objetivo das instituições de ensino.

 

Adilson Ramos da Silva

Contato: diramus@yahoo.com.br