SOBRE OS IPÊS

05/09/2011 14:49

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Há poucos dias atrás, tive a oportunidade de fazer um passeio pelo interior de Minas. Saí de Belo Horizonte, passei por Guanhães, Virginópolis, Braúnas, Joanésia e Coronel Fabriciano. Nesse trajeto, além de rever velhos e bons amigos, pude constatar uma prática altamente predatória que é uma praxe no Brasil, sobretudo nesta época do ano. Trata-se das queimadas. Por motivos de descuido ou crime ambiental, elas consomem significativa quantia da nossa vegetação.

Assim que saí de BH, comecei contar os focos de incêndio. Até o segundo dia do passeio, contei seis deles e perdi as contas. Enfim, nessa época o ar é muito seco e a vegetação se torna uma verdadeira isca propícia ao alastramento rápido do fogo que engole, velozmente, em poucos minutos, o que demorou, provavelmente, muitos anos a ser formado.

Curiosamente, em meio a todo esse cenário de cinzas e destruição, surgem os Ipês que, com toda a formosura que lhes é peculiar, permitem-nos contemplar as lindas flores amarelas que enfeitam os campos e cerrados mineiros, também nesta época.

Paralelo a essa paradoxal cena ambiental (de um lado a tristeza deixada pelas labaredas de fogo e por outro a formosura dos Ipês), quero levar o leitor a fazer uma pequena reflexão sobre a vida.

Assim como os Ipês, que ficam durante maior parte do ano desapercebidos nos campos e só florescem quando tudo parece estar acabado, é a nossa vida. Quando fracassamos e tudo nos apresenta como motivo de desânimo, a nossa liberdade de escolha e a nossa verdadeira vocação aparece para nos despertar para a vida e nos impulsionar a deixar as cinzas e galgar patamares mais elevados.

Se os Ipês conseguem florir mesmo em um cenário, aparentemente, inóspito e servir de versos aos poetas, nós também, mesmo que com um pouco de esforço e ajuda de “boas pessoas”, conseguiremos nos tornar livres e capazes de lutar contra as desavenças que os “maus” nos obrigam a passar. Essa referida liberdade, cada um a denomina e descreve de maneira diferente. É, portanto,  necessário termos a coragem e/ou possibilidade de experimentá-la, pelo menos uma vez  na vida.

 

Adilson Ramos da Silva

Psicólogo

Contato: diramus@yahoo.com.b