Pesquisa revela: cerca de 70% de crianças envolvidas com bullying sofrem castigo corporal

31/08/2011 23:02

 Pesquisa revela: cerca de 70% de crianças envolvidas com bullying sofrem castigo corporal

A pesquisa realizada com 239 alunos de ensino fundamental da cidade paulista de São Carlos, foi divulgada ontem (30), pela pesquisadora Lúcia Cavalcanti Williams, da Universidade Federal de São Carlos. Os estudos revelam que cerca de 70% das crianças e adolescentes envolvidos com bullyingnas escolas, sofrem algum tipo de castigo corporal em casa.

Do total de entrevistados, 44% haviam apanhado de cinto da mãe e 20,9% do pai. A pesquisa mostra ainda outros tipos de violência - 24,3% haviam levado, da mãe, tapas no rosto e 13,4%, do pai. //

Durante audiência pública na Câmara dos Deputados, que debateu projeto de lei que tramita na Casa e, que proíbe o uso de castigos corporais ou tratamento cruel e degradante na educação de crianças e adolescentes, a pesquisadora fez o seguinte comentário: “As nossas famílias são extremamente violentas. Depois, a gente se espanta do Brasil ter índices de violência tão altos”.

Segundo ela, meninos vítimas de violência severa em casa, têm oito vezes mais chances de se tornarem vítimas ou autores de bullying.

“O castigo corporal é o método disciplinar mais antigo do planeta. Mas não torna as crianças obedientes a curto prazo, não promove a cooperação a longo prazo ou a internalização de valores morais, nem reduz a agressão ou o comportamento antissocial”, explicou.

Atualmente, 30 países em todo o mundo têm leis que proíbem castigos na educação de crianças e adolescentes, entre eles, a Suécia e a Alemanha. “A lei é uma forma  do Estado educar os pais”, ressaltou o pesquisador da Universidade de São Paulo, Paulo Sérgio Pinheiro.

Como forma de diminuir os índices de violência contra crianças e adolescentes em casa, pesquisadores sugeriram a reforma legal, com a criação de leis que proíbam esse tipo de violência, a divulgação de campanhas nacionais, como as que já vêm sendo feitas, e a participação infantil, com crianças sendo encorajadas a falar sobre assuntos que lhes afetem.

Para a psicóloga Ana Maria Sales, Coordenadora do Ensino Médio de uma escola em Guanhães, esse papel da educação deveria estar mais ativo no seio familiar, sem a intervenção do estado. Porém, as necessidades das leis surgem em consequência dos abusos.

“Vejo como certo, pesar essa necessidade do estado na educação familiar. Significa uma perda de espaço da família ou uso abusivo desse espaço. Mas o que sinto é que há essa necessidade exatamente pelos excessos. O estado, a escola,  já assumem muito o papel da educação e a família abre mão desse papel até por uma questão de comodidade. Mas por outro lado, há os excessos de espancamento, assédio moral, entre outros. E as crianças e adolescentes acabam vítimas de bullyingdentro de casa”, comenta.

A psicóloga diz ainda, que para não surgirem novos excessos, o estado terá que encontrar um equilíbrio. “A lei é absoluta. Então o estado deverá ter cuidado e encontrar um equilíbrio ou correremos o risco  da lei ser mais um excesso. E aí, os filhos é que se sentirão no direito de nunca serem corrigidos pelos pais”, opina Ana Maria.

 Por Samira Cunha

Fonte: www.folhadeguanhaes.com.br