E QUANDO OS IPÊS DESAPARECEM?

20/09/2011 23:35

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Há algumas semanas, refletimos sobre o poder que os Ipês possuem de enfeitar a paisagem destruída pelas queimadas na época do inverno, ocasião em que o fogo praticamente toma conta do cenário paisagístico e, coincidentemente , os Ipês florescem...

Após o feriado do sete de setembro, tive a oportunidade de viajar à passeio e, novamente, lá estavam elas, as queimadas. Várias delas formavam uma nuvem amarelo escurecida de fumaça sobre as grandes, diversas e formosas montanhas mineiras deixando o ar ainda mais seco e no solo as cinzas pretas denotando os rastos da completa destruição que se avizinha.

Curiosamente, comecei a procurar os Ipês, dos quais comentei há algumas semanas. Nada... havia caído por chão todas as lindas flores amarelo-ouro, o que me deixou ainda mais entristecido com as queimadas.

Parece que as flores dos Ipês, embora muito bonitas e prestigiadas por muitos, demoram para surgir, e, quando surgem, têm duração fugaz. Ou seja, em um dado momento do inverno brasileiro não há flores dos Ipês, são as queimadas que imperam.

Parece intrigante, mas na vida os momentos de crescimento demoram também pra surgir e não têm duração perene, justamente como os Ipês. Devem ser procurados e apreciados para não corrermos o risco de passarem desapercebidos, tanto os Ipês quanto os momentos de crescimento na vida. Então, o que fazer quando tudo na vida parecer cinzas?

O que fazer quando já se tiver lido os mais famosos títulos de autoajuda e as coisas ainda tiverem dando errado?

O que fazer quando já se tiver escutado o horóscopo, e o locutor tiver falado “as coisas estão boas pra você”, e nada?

O que fazer quando já se tiver  pegado conselhos nos bares, esquinas... e também as coisas continuarem sinistras?

O que fazer quando (…)?

Em um dado momento do inverno, os Ipês surgem pra dar alegria ao que parecia ser o fim. Na vida, parece que também, em um dado momento, cada um deve estar atento às oportunidades que aparecem e estar também sempre pronto a lutar e indignar-se quando algo aparecer para atrapalhar...

Como no fim do inverno não é mais possível encontrar flores de Ipês, também na nossa vida existem horas em que tudo, de fato, parece estar arruinado.

É só na liberdade e na experiência profunda consigo mesmo que é possível aproveitar esses pequenos momentos de crescimento que a vida nos oferece. Pena! Estamos cada vez mais nos desabituando de fazer essa tão valiosa experiência a troco de uma experiência midiática que não vai levar a sociedade a lugar algum, a não ser a valorizar cada vez mais o individualismo e as formas suicidas de vida. A  experiência profunda, que nos alavanca para a transcendência, poucos meios de comunicação vão mostrar. Quem, realmente, estiver disposto a contemplá-la, carece estar muito atento.

Não entendo de músicas, mas há algumas canções que valem a pena serem escutadas e serem sugeridas: “Fragilidade”, de Jorge Trevisol, é uma delas.

 

Adilson Ramos da Silva

Psicólogo

Contato: diramus@yahoo.com.br

 

Fonte: www.diocesedeguanhaes.com.br